Classificação
A força dramática de um enredo está na busca de realização de um desejo de um personagem, e na oposição das forças de antagonismo que dificultam ou impedem que ele alcance aquilo que quer.
Portanto, ao caracterizar o protagonista da sua história, você deve
considerar a rede de relações e oposições que ele forma com os outros
personagens. A inclusão de qualquer outro personagem deve ter o objetivo
claro de movimentar o enredo em favor ou contra o protagonista.
O desenvolvimento e caracterização
desses outros personagens devem reforçar a importância do que o
protagonista deseja alcançar, ou devem criar conflitos que o atrapalhem.
Considerando a sua importância na narrativa, podemos classificar os personagens como:
Protagonista
É o personagem mais bem desenvolvido na história. Ele é o centro
nervoso da trama que sustenta o eixo narrativo. Todos os eventos,
personagens e elementos da história giram ao seu redor.
Personagem central
É o personagem que desperta maior excitação e ansiedade nos leitores.
O personagem central não é necessariamente (mas pode ser) o
protagonista da história. A grande diferença entre os dois é que o
primeiro envolve o leitor principalmente através de ação enquanto o
segundo provoca a curiosidade da audiência através da sua personalidade.
Co-protagonista
É o personagem que tem relação próxima com o protagonista e, de alguma forma, o ajuda na busca de seu objetivo.
Antagonista
É o personagem (que pode também ser um objeto, animal, monstro,
espírito, instituição, grupo social, limitação de ordem física,
psicológica, social ou cultural) que traz ou representa uma ameaça,
obstáculo, dificuldade ou impedimento ao que o protagonista deseja
conquistar.
Oponente
É o personagem que tem relação próxima com o antagonista e o auxilia
na sua missão de se colocar entre o protagonista e seu objetivo.
Falso protagonista
É um personagem que é apresentado de forma a induzir o leitor a
acreditar que ele é o foco principal da trama para, na sequência,
revelar quem é o verdadeiro protagonista como uma dose de surpresa.
Coadjuvante
Personagem secundário que auxilia no desenvolvimento da história.
Figurante
Personagem com papel ilustrativo, que não tem relação com o enredo ou
nenhum dos personagens. São usados apenas para compor um cenário.
Em relação à existência dos personagens, podemos classificá-los como:
Real ou histórico
Personagens que realmente existiram e que o autor tenta reproduzir com certo grau de fidelidade.
Fictício ou ficcional
Personagens criados com base em pessoas reais, estereótipos ou
arquétipos, que vivem histórias que poderiam acontecer com pessoas
comuns.
Real-ficcional
Personagens que são reais, mas com personalidades fictícias, à quem o
autor atribui identidades diferentes que lhe são mais convenientes para
desenvolver o enredo.
Ficcional-ficcional
Personagens totalmente ficcionais, que tem características físicas
e/ou psicológicas só possíveis no contexto imaginativo da ficção, comum
nos gêneros de fantasia, terror e ficção científica.
Identificação
10 técnicas para fazer os leitores se identificarem com seu protagonista.
O ditade é velho e conhecido: ninguém é perfeito.
Todos nós cometemos erros, temos problemas, preocupações, nos sentimos culpados, temos arrependimentos, sofremos. Essas são experiências que fazem parte da vida e do nosso processo de autoconhecimento.
Se algo parece muito bom para ser verdade é porque simplesmente seus defeitos foram bem escondidos.
O tempero da vida está nos dramas pelos quais todos nós passamos e a forma como superamos dificuldades e obstáculos. O mesmo se aplica ao protagonista de uma história.
Um personagem
perfeito, sem falhas de caráter, medos, angústias, pontos fracos e
comportamentos contraditórios não é verossímel e não provoca
identificação com os leitores, já que não há espaço para uma trajetória
de transformação.
Ainda que os desejos específicos do personagem não sejam iguais aos
dos leitores, a identificação pode ocorrer em níveis mais profundos e
simbólicos da experiência humana.
Leia abaixo 10 técnicas para transformar seu protagonista em um
personagem interessante passível de identificação com os leitores.
1. O que o seu personagem quer para si.
Estabeleça com clareza qual o objeto de desejo ou objetivo do seu
protagonista e o quão desesperadamente ele quer alcançar esse objetivo.
Torne isso visível em todas suas ações. Seja o mais específico possível.
Quanto mais claro o desejo, mais fácil de o leitor decidir se é contra ou a favor dele.
Se o objetivo do personagem é salvar o mundo de um ataque extra-terrestre, descubra qual o seu motivo pessoal para fazê-lo.
2. Foco nos pontos vulneráveis do personagem.
Todos nós temos pontos fracos, dificuldades físicas, emocionais e/ou sociais.
Temos uma tendência de simpatizar com pessoas mais frágeis ou em
desvantagem, talvez porque todos já passamos por alguma situação onde
nos sentimos assim. Essa posição de desvantagem abre a possibilidade de
crescimento e aprendizado.
Ganhe o apoio dos leitores na torcida pela superação das dificuldades do seu protagonista mostrando sua vulnerabilidade.
3. O que está em jogo?
Assistir um jogo amistoso não tem a mesma emoção do que assistir uma final de campeonato.
Jogar cartas por simples prazer não exige tanto foco ou envolve tanta
ansiedade quanto jogar por dinheiro. Em qualquer decisão, sempre há
algo em jogo.
O que o protagonista tem a perder na busca de seu objetivo? O que acontecerá se ele não conseguir o que quer?
4. Mostre os pontos fracos do personagem através de diálogos e ações.
Há uma lacuna entre a descrição que se ouve de uma pessoa e nossa percepção quando a conhecemos pessoalmente.
A melhor forma de se conhecer alguém é conversando e suas observando atitudes.
Use diálogos e cenas de ação para revelar a personalidade do personagem. Faça cada ação mostrar algum aspecto de sua identidade.
5. Escreva como se fosse o personagem.
Incorpore a personalidade do protagonista.
Aja e reaja como ele, não como você. Talvez ele tenha opiniões, experiências e visões de mundo diferentes de você.
Não tente usá-lo como porta-voz de suas convicções. Escreva sem julgá-lo. Deixe ele expressar quem ele é.
6. Coloque seu personagem sobre constante pressão.
Algumas pessoas mudam completamente quando estão sob pressão e isso revela muito a respeito de suas personalidades.
Operar em modo de emergência exige uma série de habilidades e controle emocional que muitos não tem desenvolvidos.
Coloque seu personagem em situações extremas e revele aspectos de sua personalidade através de suas reações.
Mostre ao leitor as situações que o personagem está disposto a enfrentar para conquistar aquilo que quer.
7. Faça seu personagem cometer erros.
Resolver o problema dos outros é bem mais fácil do que resolver os nossos.
Sempre temos teorias milagrosas de como tirar um amigo de uma
situação indesejada, mas quando o problema é nosso, muitas vezes não
vemos solução.
Isso acontece porque quando não temos envolvimento emocional direto
com um problema, é possível ser mais objetivo e racional em sua
avaliação.
Crie tensão e conflito no enredo fazendo seu personagem tomar decisões erradas, ainda que seja óbvio para o leitor que outra decisão é mais sensata.
8. Coloque o personagem no fundo do poço.
Mesmo que muitos acreditem que não há nada tão ruim que não possa
piorar, há momentos em que se chega em um ponto onde as estruturas
físicas e psíquicas estão prestes a explodir.
Esse ponto é extremamente pessoal e cruzar esse limite é quase inimaginável.
Coloque o protagonista nessa situação, ajude-o a se recompor ou
termine a história por aqui mostrando ao leitor as causas e
consequências de seu fracasso.
9. Mostre o progresso do seu personagem na busca do seu objetivo.
Não queremos ver o protagonista fracassando o tempo todo.
É preciso dar ao leitor um senso de progressão ao longo do enredo.
Mostre as pequenas conquistas do personagem e como elas o aproximam cada vez mais daquilo que ele quer.
10. Iluda o personagem fazendo ele acreditar que atingiu seu objetivo.
Dois temperos fortes usados em histórias são frustração e recompensa.
O leitor quer suas expectativas correspondidas, mas ele não espera receber nada de mão beijada.
Ele está disposto a sofrer com o personagem contanto que se sinta recompensado de alguma forma no final da narrativa.
Deixe seu protagonista chegar bem perto ou mesmo conquistar aquilo
que quer por um período de tempo limitado e, na sequência, deixe escapar
de suas mãos ou frustre suas expectativas quanto aos resultados
alcançados.
Independente do desenvolvimento do seu protagonista em um personagem
complexo ao longo da narrativa, é preciso fazer com que o leitor se
interesse pela história já nos primeiros parágrafos. Eles são
primordiais no processo de decisão de leitura do texto completo.
Primeiras Linhas
17 técnicas para captar a atenção do leitor nas primeiras linhas da história.
Um texto de ficção é um convite de viagem a um universo alternativo que o leitor sempre pode recusar.
Antes de começar a escrever, considere essas duas perguntas: qual é a história que você quer contar e como você vai fazer isso.
As primeiras linhas, os primeiros parágrafos ou as primeiras páginas
(dependendo da extensão da narrativa) são definitivos no processo de
decisão de leitura de um texto e devem deixar claras as respostas para
essas duas perguntas.
Imagine que você tem diante de si uma infinidade de portas fechadas.
Ler um texto é como abrir uma dessas portas. No início da leitura, você
está espiando o que está por trás de uma porta, procurando por algo que
lhe ajude a decidir se vale a pena entrar e explorar esse espaço.
Você ouve os diálogos,
observa os personagens, analisa a locação e, acima de tudo, procura
entender o porquê e qual o sentido de tudo aquilo estar acontecendo.
Como escritor, o seu papel é captar a atenção e despertar o interesse
daqueles que abrem as suas portas.
Nesse primeiro momento, o leitor está em busca de ordem, de uma moldura que limite a história e permita um entendimento sobre seu sentido.
São informações essenciais: quem é o personagem,
em que período e cenário ele se encontra e qual é o seu desejo, o que
ele quer alcançar. Ele precisa disso para avaliar se prosseguirá na
leitura do restante do texto e, nesse caso, para que possa relaxar e
acompanhar mais de perto a trajetória dos personagens. O escritor deve
começar a construir essa estrutura já nas primeiras frases.
O início de um texto sempre exige um esforço extra dos leitores na assimilação de conceitos, dinâmicas, temas, cenários, estilo do escritor e todos os demais elementos da história.
Trazer novos elementos que tem papel significativo
no enredo depois de estabelecer seus limites no início da narrativa gera
descredibilidade no escritor.
Tudo que for relevante para se entender a essência da história deve
ser apresentado em seu início de forma a auxiliar o leitor no seu
processo de decisão em participar ou não daquele universo ficcional.
O início de um texto define a estrutura do enredo, o tom, a intenção, o tema e mesmo o final da história. É um speed dating
com o escritor, é a chance de conquistar a simpatia do leitor. Seu
objetivo é deixa-lo inquieto, curioso, inspirado, entusiasmado com o que
virá pela frente na história.
Conheça 17 técnicas que vão lhe ajudar a captar a atenção do leitor já nas primeiras linhas.
1. Mistério
“Era o décimo avião a aterrissar na minha cidade naquela manhã.
Provavelmente um recorde para uma cidade que não tem um aeroporto”.
Envolva os seus personagens em situações misteriosas já no início da
história. Apresente um evento aparentemente sem sentido, ou algo que o
leitor não consiga compreender completamente nesse ponto da história e
solucione o mistério mais tarde no enredo.
2. Provocação
“Quanto mais livros você lê, mais idiota você fica.” Comece com uma
afirmação dramática ou impopular. Desafie uma crença ou conhecimento
estabelecido. Mesmo que seus leitores discordem de você
instantaneamente, eles vão investir tempo suficiente para descobrir de
onde você tirou essa ideia maluca.
3. Auto-análise
“Sim, sou ciumenta. Descontroladamente ciumenta. E eu sempre achei
que meu marido soubesse disso. Mas poucos segundos antes de puxar o
gatilho, percebi na sua expressão que talvez ele não soubesse.” Inicie
sua história com a reflexão de um personagem sobre um aspecto da sua
personalidade.
4. Caracterizando o protagonista
“Eu tenho noventa anos. Ou noventa e quatro. Tenho quase certeza.”
Inicie apresentando alguma característica do personagem principal da sua
história, mostrando aos seus leitores aspectos essenciais sobre sua
personalidade.
5. Cenário atípico
“Era a primeira vez que eu via flores maiores que árvores.” Apresente
já nas primeiras linhas um cenário atípico, que fará o leitor ficar
atento e curioso. Descreva detalhes interessantes e pouco usuais que
façam ele se perguntar “que lugar é esse?”.
6. Objeto valioso
“Aquele era o primeiro quadro na história da humanidade a ser
oficialmente declarado como o provocador de uma guerra.” Apresente um
objeto de extrema importância para a história e crie tensão ao seu redor
através de um desaparecimento misterioso, um roubo, um acidente que o
danifica. O que acontecerá se o objeto for destruído? Qual é a sua real
importância? E se o objeto cair nas mãos da pessoa errada?
7. Contrastes na cena de abertura
“Quando Ana disse ‘sim’ durante a cerimônia do seu casamento, ela
teve certeza que de aquele tinha sido o melhor momento da sua vida. O
pior momento da sua vida veio logo na sequência.” Inicie compartilhando
um momento feliz ou importante na vida de um personagem e, logo na
sequência, crie contraste fazendo algo improvável ou ruim acontecer.
8. Fato ou revelação surpreendente
“Meu filho não parou de chorar desde que descobriu que eu servi o seu
cachorro de estimação no churrasco do domingo passado.” Choque o
leitor revelando algo interessante ou pouco usual sobre um personagem,
algo que o faça querer saber mais sobre ele. Apresente uma informação
impossível de ignorar.
9. Notícia de jornal, artigo ou carta
“Prezado Senhor Galvão. Da próxima vez que você dormir com a minha
esposa, não vou ser tão educado.” Inicie a narrativa de forma direta,
apresentando uma notícia de jornal, um artigo ou uma carta, dando a
impressão que ela caiu nas suas mãos por coincidência ou foi enviada ao
narrador por um determinado motivo. Faça referência a uma história real
que o leitor conheça, ou uma que esteja relacionada ao tema ou um
personagem da narrativa.
10. Humor
“Meu marido só têm duas emoções: com fome e com tesão. Quando percebo
a ausência de uma ereção, eu lhe preparo um sanduíche.” Inicie sua
história com uma piada, anedota ou um acontecimento engraçado.
11. Verdade
“Aqueles que criticam nossa geração esquecem de quem nos educou.”
Reflita sobre a história que você quer contar e procure uma verdade
profunda e quase incontestável sobre um personagem ou tema abordado na
narrativa. Transforme ela na sua frase de abertura.
12. Confidente
“Hoje fazem 2 anos que minha filha faleceu. Enquanto minha mulher
chora de tristeza, eu choro de alívio em segredo.” Faça do leitor um
confidente do protagonista. Crie uma sensação de intimidade fazendo o
personagem revelar seus segredos e desejos mais pessoais. Faça o leitor
acreditar que tem acesso completo aos seus pensamentos.
13. Conflito
“Eu pisava no freio como quem mata um inseto que detesta e repudia,
com raiva e desespero. Mas o carro não dava nenhum sinal de que iria
responder ao comando do meu pé.” Apresente conflito
(ou pelo menos a promessa iminente de conflito) no início da
história. Coloque um personagem em uma situação difícil de solucionar e
deixe o leitor angustiado com as possíveis consequências do que está
prestes a acontecer.
14. Expectativas
“Eu quero morrer em paz no meu sono, como meu avô. Não gritando
desesperadamente como os passageiros desse avião.” Use as primeiras
linhas para estabelecer certas ideias na mente do leitor e, em seguida,
surpreenda suas expectativas dando à narrativa uma direção diferente
daquela esperada.
15. Jogo contra o tempo
“Acordei com um cheiro forte de vômito. E antes mesmo de poder
lembrar exatamente do que tinha acontecido, eu olhei para o relógio e
percebi que tinha pouco menos de 10 minutos até que meu chefe entrasse
no escritório e me encontrasse apenas de cueca.” Estabeleça um limite de
tempo no início da história para que o protagonista finalize uma tarefa
ou alcançe um objetivo, deixando claro as consequências desastrosas
caso ele falhe em sua missão.
16. Significados
“Toda vez que ela se aproxima de mim, meu coração pula uma batida.”
Use metáforas para descrever e ilustrar as emoções dos seus personagens.
Jogue com o significado das palavras.
17. Uma pergunta intrigante
“Sabe qual é o segredo para triplicar o seu salário sem mudar de
emprego?” Coloque uma pergunta intrigante na mente do leitor. Você não
precisa necessariamente escrever a pergunta. Ela pode estar implícita na
forma como o narrador inicia a história.
Essas técnicas não devem ser usadas unicamente com o objetivo de
captar a atenção do leitor. Elas devem se relacionar de alguma forma com
o resto da história e contribuir para tornar a narrativa atraente e
interessante desde o início.
Se você está escrevendo um livro, não espere por muitas páginas para
começar a história. Se está escrevendo um conto, não espere por muitos
parágrafos. Seja direto, não perca tempo com parágrafos, frases e
palavras desnecessárias.
Apresente somente cenas
e imagens relevantes que avancem a história ou investiguem o tema que
está sendo desenvolvido. Foco é essencial já nas primeiras linhas.
Escrever é, em essência, reescrever. É descobrir e trabalhar todos os detalhes da sua voz de escritor e explorar todas as suas possibilidades para compor histórias únicas.
Uma voz de escritor confiante e um jeito único de ver o mundo são os elementos mais efetivos para captar a atenção do leitor nas primeiras linhas.
Depois de despertar o interesse dos leitores no início da narrativa, o
que fará o enredo se desenvolver serão as cenas. Elas tem o objetivo de
fazer a manutenção das expectativas criadas nos primeiros parágrafos e
contribuir para complexificar o tema que está sendo trabalhado na
história.
Caracterização
Como caracterizar os personagens de uma história de ficção?
Caracterização é o processo de construção de um personagem em todas as suas dimensões ao longo da narrativa.
Isso inclui suas características físicas, o jeito como se veste,
anda, fala, se relaciona, suas motivações, objetivos, desejos,
aspirações, frustrações, pensamentos, preocupações e experiências.
Dentre esses detalhes, o escritor desenvolve apenas os que forem
necessários para escrever cada história. Em certos casos, a forma como o
personagem se veste é extremamente importante para sua caracterização.
Em outras narrativas, conhecer a forma como o personagem fala talvez
seja imprescindível para que o leitor compreenda sua personalidade.
O processo de caracterização deve levar em consideração dois tipos básicos de personagens.
1. Personagens simples
São criados com base em um traço principal da sua personalidade, que é
apresentado de forma repetitiva. Eles são previsíveis, não têm grande
vida interior e, portanto, não mudam no decorrer da história.
A ideia é caracterizá-los de forma clara como uma caricatura ou tipo,
identificado simplesmente por uma profissão, comportamento, classe
social ou qualquer outro traço distintivo comum aos membros de um certo
grupo.
Personagens simples, quando criados intencionalmente, cumprem o papel
importante de fazer contraste com os personagens em mutação e ser um
referencial para sua transformação.
2. Personagens complexos
São criados para expressar toda a complexidade
da natureza humana, suas ambiguidades, contradições e mistérios. Eles
são imprevisíveis, tem grande vida interior e, portanto, tem potencial
de transformação durante a narrativa.
Esses personagens são construídos para dramatizar o tema da história.
Suas trajetórias são metáforas da forma como o escritor vê o mundo, e
expõe os significado que ele dá para certas experiências.
As grandes histórias são sempre construídas ao redor de personagens
complexos. Seus conflitos refletem dramas humanos universais e permitem
que o leitor se identifique com suas dificuldades, e torça para que ele alcance o que deseja.
Procure também identificar a classificação
de cada personagem baseada no papel que ele desempenha na história. Com
essas informações em mente, procure responder a essas 3 perguntas:
1. Quem é esse personagem?
Considere aspectos físicos (cor dos olhos, cabelo, pele, estatura, peso, porte), psicológicos (traumas, medos, segredos, atitude, personalidade, experiências) e culturais (roupas, hábitos, costumes, crenças).
2. O que esse personagem deseja alcançar?
Ele está em busca de prazer ou ele quer escapar de desprazer? Qual é o
seu objetivo? Sua motivação? Ele quer resolver um crime? Matar um
monstro? Salvar o filho? Encontrar a cura para uma doença? Ganhar a
guerra? Conquistar uma mulher? Evitar que o planeta terra seja
destruído? Viajar o mundo? Virar um cantor?
3. Por que ele tem tal desejo?
Quais são as motivações internas do personagem para alcançar seu
objetivo? O que está por trás desse desejo? Que verdade sobre o
personagem tal desejo revela? Do que ele está realmente em busca? O que
ele quer alcançar internamente? Que sensações? Que sentimentos? Quais
são suas maiores aspirações? Que impressão ele quer causar nos outros?
Que sentido ele dá para sua vida?
O personagem está em busca de auto-conhecimento? De identidade? Do
amor dos outros? De um sentido para sua vida? De conhecimento? De
eliminação de culpa ou frustração? De paz de espírito? E por que ele
está em busca disso? Qual é a origem desse desejo?
Nem todas as informações geradas durante a caracterização dos
personagens precisam estar explícitas no texto em palavras. Permita que o
leitor descubra detalhes sobre eles no contexto das cenas.
Comece criando seus personagens procurando desvendar e entender seu principal desejo. Relacione esse desejo com sua personalidade, e faça sua aparência física, jeito de se vestir, agir e se comportar expressar sua identidade.
É comum o escritor descobrir as características dos seus personagens a
medida que vai escrevendo, mas também há quem prefira escrever uma
biografia de cada participante da história antes de começar a trabalhar o
enredo.
Independentemente dessa escolha, o processo de caracterização de
personagens envolve um exercício cuidadoso de busca por um conhecimento
profundo sobre sua personalidade e seus desejos.
Quer saber mais?
http://ficcao.emtopicos.com/criar-personagem/caracterizacao/